terça-feira, 24 de julho de 2012

SEXO, EVOLUÇÃO E CONSUMO



Esse é o subtítulo do livro que eu estou lendo desde o fim-de-semana e que tem dominado minha atenção (além de me tirar toda a concentração para escrever). Enquanto eu não termino de ler para emitir uma opinião final, vou lançar um trecho para quem quiser também começar a pensar. Ao que parece, é o cerne da questão ao avaliar o nosso comportamento, não só de compra, mas nas nossas interações e na vida. Independente de como ele termine, já acho que é uma leitura boa para se questionar, ainda que seja só sobre consumo.


Narcisismo e consumismo
Freud introduziu o conceito de narcisismo em 1914, tomando como base o mito grego de Narciso - um jovem bonito e atraente que rejeitou o amor da ninfa Eco e, em vez disso, apaixonou-se pelo próprio reflexo numa poça de água, acabando por definhar e tornar-se a flor que leva seu nome. Assim, o narcisismo é o amor à própria imagem somado ao desprezo pelos que realmente sentem amor pelas qualidades interiores dessa pessoa. O melhor arquétipo do narcisismo consumista é provavelmente o perfume cuja marca Paris Hilton criou, Just Me [Apenas Eu] (isto é, Não Você e Não Nós). É a essência do solipsismo.
 As características-chave para diagnosticar o narcisismo (...) são:
  • Egoísmo (tirar vantagens dos outros, falta de empatia).
  • Arrogância (atitudes altivas e desdenhosas, mais raiva ao ser frustrado ou contradito).
  • Excepcionalismo (crença de que é especial e só se pode ser apreciado por outras pessoas de alto nível) .
  • Noção de ter direito a tudo (esperar um tratamento especial e obediência automática aos seus desejos).
  • Buscar admiração (precisar de atenção, afirmação, elogios e deferência excessivos).
  • Fantasiar sucesso (ambições obsessivas em torno de sucesso, poder, brilho, beleza, potência sexual ilimitada ou amor ideal).
  • Grandiosidade (exagerar os próprios talentos, realizações e status).
  • Mentalidade de vítima (colocar a culpa no mundo exterior pelos próprios fracassos e desilusões).
  • Anedonia (incapacidade de ter prazeres simples).
  • Instabilidade emocional (quando afastado do "suprimento narcisista" da bajulação dos outros, os narcisistas se sentem tristes, desesperançosos e até suicidas).
Esses sintomas centrais levam os narcisistas a se considerarem estrelas nas próprias histórias de vida, protagonistas de épicos, sendo que os outros são vistos como personagens secundários. (Nesse aspecto, eles ão como os blogueiros.) Falam sobre suas vidas, carreiras e famílias como se ninguém mais tivesse envolvido. São insensíveis, por isso buscam estímulos cada vez mais intensos. Ficam irritadiços e apresentam baixa tolerância à frustração. Às vezes se autorrecompensam com atitudes hedonistas impulsivas, como fazer uso de drogas ou álcool, comer compulsivamente, jogar, fazer compras a crédito ou sexo promíscuo. Por vezes, percebem a existência de um "hiato de grandiosidade" entre a autoestima inflada e as realizações efetivas, acarretando um sentido instável de autovalorização, bem como auto-questionamentos e depressão periódicos. Os narcisistas não tendem a buscar prazer através da interação social informal com pessoas de status semelhante ao seu, mas através da autoestimulação (ler ficção, assistir TV, tomar drogas, masturbar-se) e ostentação (exibir-se de forma ritualizada para admiradores de status inferior, como vestir roupas absurdamente impraticáveis ou organizar festas extravagentes e destrutivas). Os narcisistas ligados em tecnologia também estão propensos a realizar muito "ego surfing" (procurando seus próprios nomes no Google para ver o que aparece) e revelar abertamente detalhes pessoais em seus blogs.
Esta descrição lhe lembra alguém? Se você for um adulto na casa dos 40, ela pode se encaixar a todos os jovens adultos. Se você vive num país pobre, pode lembrar-lhe todos os americanos. Se for mulher, pode soar como própria a todos os homens. A maioria de nós pode parecer narcisista para algumas pessoas em determinados momentos. Entretanto, estima-se que o verdadeiro transtorno de personalidade narcisista - narcisismo extremo, inexorável e explícito - só afete aproximadamente 1% da população. Não obstante, a capacidade de ser narcisista, sob determinadas circunstâncias, parece estar presente na maior parte dos seres humanos normais. O consumismo desenfreado funciona principalmente ao criar essas circunstâncias e estimular essa capacidade.


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