quarta-feira, 27 de junho de 2012

:: VALE A PENA :: ANNIE LEIBOVITZ

Eu posso reclamar e questionar fenômenos negativos da internet, mas eu não nego (e definitivamente me nego a deixar de desfrutar) as coisas maravilhosas que só são possíveis através dela. Ter acesso ao arquivo da Vogue desde 1892 sem sair do conforto da sua casa e sem soltar um espirro daqueles provocados pelo pó de revista velha, por exemplo, é coisa de Deus!

Eu não assino a revista nem sou membro do arquivo, mas me regozijo pela possibilidade e vira e mexe dou uma lidinha na Voguepedia só para saber um pouco mais sobre um fotógrafo, estilista, marca, modelo; qualquer um tem acesso. Hoje foi dia de ler sobre a Annie Leibovitz, e para democratizar, já que o conteúdo é em inglês, eu resolvi traduzir o perfil dela porque eu acho que vale a pena entender quem é ela, que fez o retrato de celebridades ser o que é hoje, numa sociedade tão celebrity inspired como nós somos.


 Fotografia cortesia de Annie Leibovitz. Publicada na Vogue, Novembro de 2002


"Eu estou mais interessada em ser boa do que em ser famosa," a fotógrafa Annie Leibovitz disse. Mas tendo elevado o retrato de celebridades à categoria de arte, ela se tornou tão renomada quanto muitos de seus retratados.

A carreira de Leibovitz é toda sobre timing: não apenas estar no lugar certo na hora certa, mas ter um sexto sentido que permite a ela esperar por aquele momento perfeito quando as coisas se encaixam. Nascida a terceira de seis filhos, em Waterbury, Connecticut, ela se chamava Anna Lou quando menina; cresceu vagando com sua família entre as estações da Força Aérea de seu pai. Eles viveram no Mississipi, Texas, Alaska, e Filipinas. "Nós não tínhamos dinheiro, então eles nos jogavam no banco de trás do carro e dirigíamos de qualquer das estações onde meu pai estivesse servindo até o próximo lugar," ela contou ao The Wall Street Journal em 2008. Em 1967, Leibovitz entrou no Instituto de Arte de São Francisco, pretendendo estudar pintura. Ao invés disso, ela começou a tomar aulas noturnas de fotografia, e em 1970 enviou fotos do seu tempo em um kibbutz israelense para Robert Kingsbury, o diretor de arte da Rolling Stone, que a contratou para tirar um retrato de John Lennon. Se tornou a capa da revista.

Leibovitz usou seus instintos para redefinir o que um retrato de celebridade deveria ser. Ela desenvolveu um estilo de sessão mais criativo - fotografando os Blues Brothers com as caras pintadas de azul, digamos, e Bette Midler, estrela do filme The Rose, numa cama de rosas. Trabalhando, foi como se ela estivesse documentando a história da cultura pop americana enquanto ela se desdobrava, capturando momentos no tempo, cara a cara. Em 08 de Dezembro de 1980, ela tirou outro retrato de John Lennon, dessa vez com sua esposa, Yoko Ono; foi apenas horas antes do herói dos anos 60 ser assassinado na entrada de seu apartamento beirando o Central Park. "Aquela imagem é maior que a fotografia," disse o fotógrafo de retratos inglês Harry Borden. "Foi tudo que ela precisou para garantir sua posição no panteão dos grandes fotógrafos."

Em 1983, a Vanity Fair a convidou para se juntar à sua equipe. Ela disse que se mudou para esse novo posto, em parte, para aprender sobre glamour. "Eu admirava o trabalho de fotógrafos como Beaton, Penn, e Avedon tanto quanto eu respeitava os mais corajosos comoRobert Frank," ela declarou numa entrevista
que acompanhou seu livro Annie Leibovitz: 1970 to 1990. "Mas da mesma maneira que eu tive que descobrir meu próprio jeito de reportagem, eu tive que descobrir minha própria forma de glamour."

Seus retratos começaram a requerer maior organização e produção; ela começou a contratar uma equipe para audá-la a executar sua visão. A intenção era realizar um aspecto interior extremamente pessoal e inédito de cada sujeito. Ela era perfeccionista, mas isso resultou em imagens marcantes dos ícones dos tempos modernos.

"A coisa que mais me intriga sobre ela," o fotógrafo Juergen Teller disse, "é que as fotografias todas possuem esse brilho suave. Você pode ver que algumas pessoas parecem vagamente desconfortáveis ou inquietas, particularmente nas fotos de grandes grupos para a Vanity Fair. E, mesmo quando elas estão calmas e sorrindo, não parece um sorriso real, mas um sorriso Annie Leibovitz."

No começo dos anos 2000, Leibovitz começou a trabalhar com Grace Coddington, diretora de criação da Vogue, para produzir os pródigos portfolios de contos de fada que se tornaram um traço extremamente popular da revista, frequentemente aparecendo como um presente em dezembro. Temas como Alice no País das Maravilhas ou O Mágico de Oz são trazidos à vida com elenco de figuras da indústria - modelos, estilistas e atrizes - fazendo os personagens em cenários complexos.

"Não me importa quem você é ou que níveis de energia ou paciência você tem," Graydon Carter, o editor de Vanity Fair, disse, "Annie vai te esgotar. Ela vai te derrotar. Porque ela terá mais paciência do que você. E afinal ela vai ter sua foto."

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